Os vários limites cruciais para a vida de home office

A vida de freelancer e home office não é para todo mundo. Já ouviu isso? Eu não confio em verdades absolutas mas, de fato, se não houver limites para você e para os outros, não vai dar certo

Falar de limites parece chato, né? Ainda mais quando, junto ao home office, se vive uma vida de freelancer. Mas assim como não confio em verdades absolutas — o que seria da gente se vivesse só com base nelas? — também não gosto da ideia de ditar regras para a vida dos outros. Portanto, entenda esse post como um relato que é, também, uma sugestão. E, talvez, nada além disso.

limite

Contei aqui antes que trabalho oficialmente como home office desde 2014. Mas a verdade é que já faço isso há mais tempo, combinando experiências. Depois que entrei na faculdade, lá pelos idos de 2008, comecei a escrever (ainda não profissionalmente) para blogs esportivos e isso durou, de forma mais ativa, até 2013.

Durante esse período, quando eu não estava nos estádios ou quadras cobrindo as partidas, estava em casa produzindo conteúdo sobre elas ou sobre assuntos relacionados. E estou contando isso para dizer que eu conheço a vida de home office praticamente a vida toda.

Assim sendo, eu já fui CLT home office, com horário de trabalho estipulado (mas que sempre extrapolava, fosse por demanda do contratante ou por excesso de dedicação minha), com home office de horários variados — inclusive porque a cobertura esportiva misturava trabalho e lazer e eu nem sempre soube lidar com isso — e como freelancer MEI (microempreendedora individual).

Fora dessa realidade, tive uma experiência de duas semanas em agência (num trabalho temporário mesmo) e só. Por isso achei tão natural começar esse blog-portfólio com um post intitulado Meu escritório é na praia. Ainda que imersa nos mares de Minas, eu entendo bem essa sensação.

Em meio a tudo isso — e lá se vai quase uma década (e acabei de me dar conta)! — eu enfrentei e ainda enfrento muitos desafios. E um deles, que inclusive se destaca bastante nas conversas sobre a vida de home office está relacionado aos limites.

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Vocês se lembram desse incidente?

Limites para si mesmo

A primeira pessoa que precisa entender como funciona o home office é você. E isso inclui saber que é também você quem vai determinar como sua rotina deve ser. Existem várias sugestões como trabalhar seguindo o horário comercial normaltrabalhar nos horários que você achar melhor. E esse é um exemplo que só cabe, obviamente, para quem tem a liberdade para definir os próprios horários.

Em todo caso, é seguindo essa conversa que a coisa flui…

Estando em casa (ou no ambiente que você escolheu para trabalhar e fazer jus ao “home”), a gente fica mais propenso a perder os limites quanto aquilo o que pertence à rotina de trabalho e aquilo o que não deve ser encarado dessa forma.

Quando eu comecei a vida de freela, tinha uma produção bem baixa, sobretudo se comparada com a de hoje. É natural que seja assim, mas essa era uma situação que “me forçava” a cumprir muito mais horas de trabalho para conseguir dar conta do recado.

Depois que meu nível de produção melhorou, passei a estabelecer novas metas porque, vale lembrar, freelancer só recebe pelo tanto que trabalha, sem garantia de salário fixo no fim de cada mês. E quando estou nessa de pegar mais jobs, também excedo o limite daquilo que considero ideal para o tempo diário de trabalho.

Acredito que essas duas situações que descrevi se justificam, mas é preciso ter cuidado. Passamos a viver em uma “era que valoriza o excesso de trabalho” e isso nem sempre é benéfico (ou nunca é).

Uma das vantagens (?) da vida de freela é que esse excesso de trabalho é sempre pra gente, mas tudo cobra o seu preço e, sobretudo a médio ou longo prazo, a conta pode sair bem cara.

Por isso, é importante se lembrar de encarar seu trabalho em casa como um trabalho. Tentar estabelecer regras e limites para si mesmo e se lembrar de ter uma vida em paralelo aos seus objetivos e necessidades profissionais. Do contrário, você vai ter se “libertado” do escritório para se prender à própria falta de zelo.

Limites para a família (ou quem quer que habite o home com você)

A imagem mais acima, a segunda do post, é de um evento em que os filhos invadiram a participação ao vivo do pai na TV. Certamente, tratou-se de incidente que, inclusive, rendeu mais polêmicas do que deveria, mas que serviu para dar várias lições.

Uma dessas lições é de que, seja para evitar incidentes ou situações de falta de noção&respeito deliberadas, é preciso estabelecer e apresentar alguns limites para a família ou para quem quer que esteja com você na rotina de home office.

Como contei, estou nessa vida há anos e, até hoje, praticamente todos os dias, alguém me interrompe durante o meu horário de trabalho.

Quando entrei na situação CLT + home office, foi mais fácil para o pessoal compreender que eu estava, de fato, trabalhando. E acredito que isso se deva ao fato de que havia contratos, assinaturas, salários e reuniões presenciais esporádicas. Algo que se aproximava mais de um emprego tradicional.

Depois disso, quando decidi pela situação de freelancer home office, voltei a ter dificuldades para fazer com que entendessem o meu momento de trabalho. Em parte, sei que isso aconteceu porque eles acompanharam as oscilações de horário que descrevi quando contei dos limites para mim mesma.

E, em parte, aconteceu e ainda acontece porque é mesmo difícil — até para mim — lidar com os dias em que tenho mais ou menos volume de trabalho ou que sou mais ou menos produtiva. Porque, no fim das contas, isso se reflete no número de horas trabalhadas e, para eles, é curioso que um dia, sem qualquer aviso, eu esteja deitada no sofá assistindo qualquer coisa na Netflix no meio da tarde e no outro não.

Então, é preciso ter paciência para explicar a situação e a dinâmica do home office. E isso vale, também, quando se tem horário definido, mas as pessoas simplesmente não compreendem que estar em casa não significa poder se dedicar a outras coisas que não sejam o trabalho!

Limites para si e para a família

No momento, eu infelizmente não tenho um escritório em casa. E isso porque, por um tempo, meu objetivo era mesmo voltar para o mercado tradicional e, a princípio, encarei a vida de freela como uma mera tentativa. Felizmente, está dando certo e eu preciso definir o meu espaço (físico) por aqui!

Nesse sentido, a questão que quero compartilhar é que tanto você quanto sua família precisam saber respeitar o espaço uns dos outros. Isso contribui, inclusive, para que eles consigam lidar melhor com a ideia de que seu trabalho home office é mesmo um trabalho.

Então, se por acaso você decidir respirar novos ares dentro da própria casa, se certifique de que isso não vai atrapalhar a rotina de ninguém. Porque mesmo que os outros não estejam trabalhando, é direito deles usufruir do espaço que não é o seu “oficial” de trabalho.

Limites para os clientes (ou contratantes)

Vocês se lembram de quando contei que, na situação CLT + home office eu extrapolava o horário de trabalho? Na maioria das vezes, era mesmo por excesso meu. A equipe trabalhava em turnos e eu gostava de acompanhar cada atualização que chegava, mesmo sabendo que poderia fazer isso só depois, quando de fato chegasse a minha vez.

Mas, às vezes acontecia por demanda da equipe. O bom é que os líderes sempre souberam gerenciar bem a situação e estipular alguma compensação que eu realmente considerava justa. Nem sempre, porém, é assim na vida de home office e é preciso ter cuidado ao dar permissões e construir essa relação.

E isso é algo que vale ainda mais para clientes, quando se é freelancer. É muito comum acharem que porque você está em casa, precisa estar disponível durante todo o horário tradicional de trabalho ou, pior do que isso, que pode ser solicitado a qualquer hora e em qualquer dia da semana.

Em geral, acredito que isso acontece porque a dificuldade para entender o home office é real e, também, porque alguns clientes acreditam quem sem as garantias da CLT, você não arriscaria não atender prontamente a qualquer solicitação. E não é bem assim… Nesse sentido, vale saber que a tarefa de educar o cliente é real (e trabalhosa)!

“Quem tem limite eh muncipio e nois também”

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